Na medida em que essas tecnologias continuam a evoluir e a se integrar, podemos antecipar um futuro em que o mercado financeiro será mais inclusivo e dinâmico, oferecendo oportunidades sem precedentes para investidores de todos os perfis.
A inovação vai além da simples criação de novas tecnologias; ela reside na aplicação estratégica dessas ferramentas para redefinir padrões e expandir fronteiras. No universo financeiro, duas soluções têm se destacado nesse processo de transformação: a tokenização e a inteligência artificial (IA). Quando combinadas, elas podem não só revolucionar como os investimentos são realizados, mas também instaurar um novo paradigma para o acesso e a eficiência dos mercados financeiros.
A tokenização já é reconhecida por sua capacidade de democratizar o acesso a ativos antes restritos a grandes investidores, permitindo a negociação de frações com alta liquidez e segurança. Entretanto, é na integração com a inteligência artificial que ela atinge um novo nível de potencial transformador.
A IA, com sua capacidade de analisar vastos conjuntos de dados em tempo real e aprender com padrões complexos, atua como um poderoso aliado na gestão e otimização de investimentos tokenizados. Imagine um fundo de investimento que utiliza IA para monitorar continuamente o desempenho de seus ativos, ajustando de forma automática a composição do portfólio com base em projeções de mercado e risco. Esse nível de automação e inteligência adaptativa não só aumenta a eficiência do processo, mas também potencializa o retorno para os investidores, minimizando os custos e os riscos associados.
Outro exemplo prático dessa sinergia pode ser observado no mercado imobiliário. Tradicionalmente, o investimento em imóveis exigia capital significativo e envolvia processos burocráticos complexos. Com a tokenização, é possível adquirir frações de propriedades, permitindo que pequenos investidores participem desse mercado. Por sua vez, a IA pode analisar o valor de mercado de cada propriedade em tempo real, prever tendências de valorização ou depreciação e sugerir ajustes na carteira para maximizar os ganhos.
No setor de crédito, onde a tokenização de dívidas possibilita a criação de novos instrumentos financeiros (como títulos tokenizados), a inteligência artificial pode avaliar o risco desses instrumentos de forma dinâmica, considerando fatores macroeconômicos, comportamento de mercado e dados históricos. Isso promove a criação de produtos de crédito mais acessíveis e personalizados, tanto para tomadores quanto para investidores, eliminando muitos dos intermediários que tradicionalmente elevam os custos.
A transformação do mercado financeiro
Essa transformação, inclusive, já vem sendo vislumbrada pelo Banco Central do Brasil, que adotou a integração da inteligência artificial na agenda BC#, o roadmap de inovação do BC, cujo atual presidente, Roberto Campos Neto, tem destacado continuamente que não é possível pensar o Sistema Financeiro Nacional (SFN) dos próximos anos sem a integração de IA nos processos do Pix, Open Finance e no ambiente de tokenização do Drex. Segundo ele, a inteligência artificial será um grande conector que ajudará a unir todas essas pontas de inovação para oferecer melhores produtos e serviços financeiros à população, ao mesmo tempo em que automatiza processos e reduz análises para as empresas. Ou seja, a IA será o grande integrador das soluções de inovação do BC.
Portanto, o impacto dessas tecnologias no mercado financeiro não pode ser subestimado. A tokenização, ao transformar ativos físicos e financeiros em tokens digitais, torna o mercado mais acessível e inclusivo. A inteligência artificial, por sua vez, traz uma camada adicional de estratégia e previsibilidade. Em vez de depender exclusivamente da intuição humana ou de análises tradicionais, os investidores podem se beneficiar de perspectivas geradas por IA, que consideram uma vasta gama de variáveis e cenários para oferecer recomendações precisas e personalizadas. Isso representa uma mudança significativa na maneira como as decisões de investimento são tomadas, tornando o processo mais científico e menos suscetível a erros humanos.
Além disso, a redução de custos proporcionada pela eliminação de intermediários e pela automação dos processos de análise e negociação permite que mais pessoas tenham acesso a investimentos de qualidade, aumentando a competitividade do mercado e criando um ambiente onde a eficiência e a transparência são imperativas.
Assim, na medida em que essas tecnologias continuam a evoluir e a se integrar, podemos antecipar um futuro em que o mercado financeiro será mais inclusivo e dinâmico, oferecendo oportunidades sem precedentes para investidores de todos os perfis. A transformação já está em andamento, e suas implicações prometem ser profundas e duradouras.
Fonte: Época Negócios