No universo financeiro atual, a tokenização, também conhecido como tokens RWA, se tornou uma expressão em destaque, mas frequentemente mal compreendida e aplicada superficialmente.
Em uma entrevista ao Cointelegraph Brasil, Cássio Krupinsk, CEO da BLOCKBR, identifica um equívoco recorrente: a associação simplista da tokenização apenas à criação de tokens na blockchain, sem considerar uma base sólida nos bastidores.
Krupinsk aponta como essa mentalidade afetou a credibilidade do setor, gerando projetos pouco fundamentados e desalinhados com regulamentações financeiras. Ele destaca exemplos, como clubes de futebol, que usaram tokens como ferramentas de marketing sem estrutura operacional.
Construtoras também se aventuraram, utilizando sistemas de cashback ou pontos com blockchain, limitando-se a políticas tradicionais em vez de explorar o potencial da tokenização.
O CEO ressalta que a euforia pós-boom das criptomoedas em 2020-2021 levou muitas empresas a presumirem que simplesmente mencionar a tecnologia blockchain resolveria problemas e iniciaria uma revolução.
No entanto, Krupinsk salienta que a ausência de bases sólidas resultou em frustrações, mas também amadurecimento no mercado, separando projetos comprometidos com infraestruturas reais. Ele enfatiza a introdução do Drex no Brasil, facilitando a migração para o ambiente digital e preparando o mercado para uma revolução genuína.
Ao destacar a tokenização como um meio e não um fim, Krupinsk destaca sua capacidade de transformar o mercado, capacitando investidores e empresas, eliminando intermediários desnecessários.
Ele observa um cenário em que DTVMs e corretoras começam a distribuir ativos, novas empresas redefinem o setor financeiro e bancos abrem espaço para fintechs. Investidores agora têm acesso a oportunidades antes reservadas para grandes players, como direitos creditórios e cotas de imóveis.
Comparando essa revolução com os primórdios da internet, Krupinsk vê uma transição onde inovadores aproveitam a tecnologia para entregar valor, enquanto outros permanecem no hype, sem evolução real.
Ele ressalta as limitações do sandbox da CVM, que por dois anos manteve uma estrutura centralizada. Krupinsk enfatiza que a tokenização vai além da criação de tokens, exigindo uma base sólida conectando sistemas digitais e legados.
Finalmente, ele prevê um processo de simplificação da tokenização, tornando-a mais acessível e capacitando aqueles à margem do sistema. Para Krupinsk, essa é a descentralização em ação, abrindo portas para um novo horizonte no mercado financeiro do século 21. Confira a entrevista completa.
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Cointelegraph Brasil (CT): Nos últimos anos, a tokenização se tornou um termo amplamente usado, mas frequentemente mal compreendido. Como você vê essa evolução?
Cássio Krupinsk (CK): A palavra “tokenização” ganhou destaque, porém, muitos a associam apenas à criação de tokens na blockchain, sem considerar uma estrutura sólida por trás. Isso prejudicou a credibilidade do setor, resultando em projetos pouco fundamentados e distantes de conformidade regulatória.
CT: Quais foram as principais falhas que você identificou nesse processo de adoção da tokenização?
CK: Muitos projetos usaram tokens como peças publicitárias, mas sem operações estruturadas. Isso limitou a inovação, levando a projetos frustrantes e reorganizações. A falta de bases sólidas gerou expectativas irrealistas.
CT: Como a tokenização está mudando o mercado financeiro no Brasil?
CK: Com a introdução do Drex, a tokenização começou a dialogar com o sistema legado, preparando o mercado para uma revolução. Ela está transformando o mercado, capacitando novos participantes e redesenhando os papéis dos agentes de mercado.
CT: Quais setores estão sendo mais impactados pela tokenização no país?
CK: Diversos setores estão se beneficiando, desde instituições financeiras que agora distribuem ativos até o acesso de investidores a oportunidades antes restritas, como direitos creditórios, imóveis e mais.
CT: Como você compara essa revolução da tokenização à era inicial da internet?
CK: É uma transição similar, onde empresas inovadoras aproveitam o potencial da tecnologia, entregando valor. Aqueles que não estruturam suas operações são como quem escreve uma carta à mão e a anexa em um e-mail.
CT: Como você vê o papel do sandbox da CVM nesse processo?
CK: O sandbox permitiu experimentação, mas por vezes limitou o valor gerado. Mostrou que a tokenização vai além da criação de tokens, exigindo uma base estruturada para a verdadeira revolução.
CT: Qual é o futuro da tokenização no mercado financeiro brasileiro?
CK: O processo será simplificado, reduzindo a burocracia e capacitando aqueles à margem do sistema. Isso representa a descentralização em ação, abrindo um novo horizonte no mercado financeiro do século 21.
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Fonte: Cointelegraph