As moedas e o dinheiro em papel finalmente podem estar com os dias contados. A proposta do Real Digital, uma versão da nossa moeda totalmente on-line e sem presença no ambiente físico, vai sair do papel até, no máximo, 2024. É mais uma tentativa brasileira de se alinhar ao que há de mais moderno e inovador não só na área de tecnologia, mas também nas áreas de varejo e finanças.
Contudo, diferentemente do que muitos pensam, não se trata de uma criptomoeda, totalmente descentralizada e alheia a órgãos reguladores. O Real Digital está bem longe disso: é uma CBDC (central bank digital currency), e está vinculado à mesma estrutura de pagamentos mais tradicionais. Entretanto, também compartilha de algumas vantagens em relação ao universo cripto. Confira:
1 – Agilidade nos pagamentos
Não há dúvida de que a principal vantagem quando se fala de uma moeda digital, independentemente da funcionalidade e origem, é a agilidade que proporciona ao pagamento. As transações são confirmadas em questão de segundos, com o dinheiro saindo de um ponto a outro sem passar por nenhum intermediário – como ocorre com os cartões de crédito. O PIX já foi um prelúdio dessa experiência para os consumidores e seu uso em massa com pouco mais de um ano de existência indica que caiu no gosto da população.
2 – Segurança e rapidez em transações internacionais
Qualquer transação que envolve empresas e pessoas em outro país representa uma dor de cabeça para os envolvidos. Seja algo simples, como levar dinheiro para viajar, ou complexo, como as negociações de companhias, as movimentações no exterior são burocráticas e cheias de documentação. Com a versão digital do real isso não deve ser mais um problema. Como toda sua estrutura é digital, ele pode circular pela web e rapidamente chegar a seu destino sem nenhum fator que possa interferir nisso.
3 – Prevenção contra fraudes
O Real Digital não é uma criptomoeda, mas certamente vai utilizar a tecnologia blockchain em sua estrutura. A corrente de blocos, de acordo com a tradução de seu nome, indica que pedaços da informação viajem pela internet em blocos criptografados – para depois se juntarem como uma corrente. Hoje é um dos meios mais seguros de transações digitais por reduzir significativamente o risco de fraude e impedir o ataque cibernético a esta informação. É o fim daquela preocupação que as pessoas têm em relação às compras realizadas virtualmente, por exemplo.
4 – Liberdade para os consumidores
Uma das principais diferenças do Real Digital para as criptomoedas é a origem. Enquanto a primeira é vinculada ao Banco Central do Brasil, as segundas são totalmente descentralizadas (a maioria não é vinculada a nenhum órgão regulador). Entretanto, não significa que a versão digital de nossa moeda seja algo burocrático. Pelo contrário, vai manter características da descentralização, com menores taxas e intermediadores no ecossistema de pagamento – o que garante maior liberdade ao consumidor, que pode escolher as melhores formas de pagar suas contas.
5 – Digitalização e redução no custo de impressão de dinheiro
Por fim, há também um benefício importante para o próprio Sistema Financeiro Nacional. Colocar cédulas em papel e moedas em circulação custa dinheiro – e não é pouco! A maioria das moedas custa mais do que o valor que passarão a ter depois. Com o Real Digital, a redução do dinheiro físico vai cair mais ainda no varejo nacional, poupando dinheiro público com impressão e cunhagem. Também é importante lembrar que a transformação digital já é realidade consolidada, obrigando o poder público a encontrar meios de digitalizar seus processos e oferecer mais comodidade, conforto e segurança à população.
*Cássio Krupinsk é CEO da BlockBR, fintech de digital assets marketplace e investimentos.